Cesare Mansueto Giulio Lattes (1924-2005)
Físico brasileiro
nascido em Curitiba, PR, que comprovou a existência dos mésons ou príons,
partículas de massa entre a do elétron e a do próton e que mantém o núcleo do
átomo coeso, existentes na radiação cósmica, ao expor chapas fotográficas à
ação dos raios cósmicos, numa experiência realizada nos Andes bolivianos
(1947). Filho de Giuseppe Lattes e de D. Carolina Maria Rosa Lattes, fez seu estudos primários na Escola Americana de
Curitiba (1929-1933) e secundário no Instituto Médio Dante Alighieri, em São
Paulo (1934-1938). Ingressou no Departamento de Física da Faculdade de
Filosofia e Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, concluindo o
Bacharelado em Física e Matemática pela Faculdade de Filosofia, Ciências e
Letras (1943), onde passou a ensinar física teórica e matemática (1944).
Desenvolveu pesquisas de física na Universidade de Bristol, Reino Unido
(1944-1945), e apenas três anos depois de se formar na USP, partiu para os
Andes bolivianos, onde instalou um laboratório a 5.600 metros de altitude, na
montanha de Chacaltaya, distante cerca de 20km de La Paz, com o apoio da
Universidade de Bristol, da Grã-Bretanha. A ele se uniram os físicos Giuseppe Occhialini e Cecil Frank Powell, que liderava a observação da ação de raios em chapas
fotográficas com bórax, um composto do elemento químico boro. Nos Andes
bolivianos (1947), conseguiu verificar experimentalmente a existência dos mésons pesados oupíons, que
se desintegram num novo tipo de méson, o méson pi, com
emissão de um neutrino. e já previstas por meio de cálculos (1935) pelo
japonês O méson pi,
também chamado de píon, é
uma partícula subatômica cuja existência havia sido prevista (1935) pelo físico
japonês e NobelHideki Yukawa, tentando responder por que o núcleo do átomo
mantém-se coeso embora composto por prótons, com carga positiva, e nêutrons,
com carga neutra. Assim ele previu que prótons e nêutrons deveriam intercambiar
alguma partícula portadora da força que os mantém unidos no núcleo do átomo. A
descoberta tornou-se um dos pilares da Física Moderna e colocou o brasileiro
entre os mais influentes pesquisadores no país e do mundo. Por sua descoberta e
sua contribuição ao conhecimento científico, Lattes foi incluído como verbete na
Enciclopédia Britânica e em outros livros sobre a história da ciência. O
brasileiro publicou um artigo histórico sobre a descoberta no periódico
científico Nature, um
dos mais prestigiosos do mundo, defendendo o méson pi. Pela
descoberta do méson pi seu
orientador, Powell,
recebeu o Prêmio Nobel de Física (1950), embora tenha sido o talento do
brasileiro que permitiu a descoberta. Apesar dos mésons serem umas partículas fundamentais, até sua
descoberta, a estrutura do átomo era conhecida apenas por meio de suas três
partículas elementares: próton, nêutrons e elétrons.
Fundou (1949) com José Leite Lopes, outro físico brasileiro notável, o
Centro.Brasileiro de Pesquisas Físicas, o CBPF, no Rio de Janeiro, instituição da qual também
foi diretor. Depois (1948) conseguiu produzir artificialmente o méson pi na Universidade da Califórnia, em
Berkeley, nos Estados Unidos, por meio da aceleração de partículas alfa no cíclotron,
trabalhando com o físico americano Eugene Gardner.
Trabalhou também na Universidade de Chicago (1950). Realizou diversas pesquisas
no Brasil, além de incentivar parcerias acadêmicas, sendo a mais profícua delas
com o Japão, quando orientou (1969) um grupo de cientistas brasileiros e
japoneses que determinou a massa das bolas de fogo,
fenômeno originado do choque intenso de partículas com energia muito elevada,
que se supunha serem nuvens de mésons. Foi professor da USP e da Unicamp, onde
se aposentou (1986), quando lhe foram conferidos pela Unicamp, os títulos de professor emérito e de doutor
honoris causa.
Avesso a homenagens públicas, sempre adiou a data para a cerimônia, até que os
títulos foram-lhe entregues em sua casa pelo reitor da Unicamp, Carlos Henrique de Brito Cruz (2004).
Aposentado afastou-se do ambiente acadêmico mas não do Centro Brasileiro de
Pesquisas Físicas, e o cientista passou seus últimos anos entre Campinas e o
Rio, onde ainda acompanhava as atividades da CBPF. Viúvo de Martha Siqueira Neto Lattes, pai quatro filhas e com nove netos, reconhecido
no mundo inteiro pela descoberta do méson pi,
morreu aos 80 anos, no Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de São
Paulo, a Unicamp, em
Campinas, após uma parada cardíaca, cidade onde foi sepultado, ao lado do
túmulo de sua mulher. Muitos julgam que ele mereceu o Nobel de Física em pelo
menos em duas ocasiões: pela descoberta do méson
pi ou pela sua produção artificial. Membro da
Academia Brasileira de Ciências, da União Internacional de Física Pura e
Aplicada, do Conselho Latino-Americano de Raios Cósmicos, das Sociedades
Brasileira, Americana, Alemã, Italiana e Japonesa de Física, entre outras
associações. Entre prêmios, medalhas e comendas, recebeu, no Brasil, o Prêmio Einstein (1950), o Prêmio Fonseca Costa, do CNPq (1958), a Medalha Santos Dumont (1989), a Medalha comemorativa dos 25 anos da SBPC e placa comemorativa dos 40 anos dessa
sociedade, o símbolo do Município de Campinas (1992) e
muitos outros. Foi reconhecido pelo governo boliviano, que lhe concedeu o
título de cidadão honorário daquele país (1972), pelo governo da
Venezuela, que lhe conferiu a comenda Andrés Bello (1977), e pela Organização dos
Estados Americanos, que lhe outorgou o prêmio Bernardo Houssay (1978). Também recebeu o Prêmio de Física da Academia do Terceiro Mundo (1987).
Fonte: http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/CesaLate.html
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